quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Supervia. Superlegal.

Não sei quantos de vocês que estão lendo isso andam de trem no Rio de Janeiro. Mas aqueles que andam sabem que é uma experiência única.

Obviamente não é "única" no sentido de "uma vez só na vida inteira", e sim no sentido de "não existe nada igual". Antes fosse, né.

Rapaz, andar de trem pode ter várias vantagens, eu até moro muito próximo a uma estação, pra mim é uma mão na roda, mas cacete, é uma coisa cheia de... peculiaridades. O trem não é só um transporte. Não não, senhores. Não é só uma coisa que te leva pra lugares em troca do preço da passagem. É uma feira ambulante, é uma sauna sobre trilhos, é uma apurrinhação automóvel, é um pedacinho do subúrbio, que se mexe.

A alma do subúrbio carioca treme com a passagem do trem. E não é tremer de emoção não, é porque essa porra se treme toda mesmo. Ô trocinho bambo, parece um chocalho. Os vagões parecem caminhões de gado. Aliás, o povo que pega trem parece gado mesmo, com aquela expressão bovina de cansaço, se balançando junto com os milhões de metais desgraçados que fazem aquele barulho dos infernos. Não lembro a primeira vez que tive o prazer de pegar um trem, mas imagino que o primeiro pensamento de todo mundo é de que aquilo vai desmontar. A segunda coisa em que se pensa é na família, nos filhos, nas coisas boas da vida, e em tudo mais que parece que você tá deixando pra trás quando entra no vagão. Tudo, eu disse TUDO num trem foi especialmente construído pra balançar e fazer barulho.

Deixando de lado a parte estrutural, o que há de mais interessante no trem é uma questão cultural. Aliás, mais que cultural, o trem é quase um ecossistema, sei lá. Pegando trem com regularidade você reconhece várias coisas... interessantes.

Bem, eu sempre pego o trem na parte da tarde, ali, na hora do rush. Pego o Japeri lotado, sem ar condicionado. Que tortura, cara. Chega a ser cômico. Eu gostaria de olhar pra minha expressão de derrota nessas horas. Tá todo mundo suado, meio fedendo. Se você não sua, não tem problema, você pega o suor dos outros, porque a essa altura você é obrigado a estar tão grudado nas pessoas, que seus espermatozóides (no meu caso, que sou homem) achariam o caminho sozinhos para uma fecundação feliz.

O mau humor no trem é tão intenso que dá pra pegar no ar. Aquelas tias, meio gordas, sebentas, que ficam resmungando baixinho, só esperando a oportunidade de arranjar um barraco por qualquer coisa. Eu tenho medo.

Atualmente não pode mais, por lei, ter culto no trem. Mas antigamente era brabo. Não vou entrar nesse assunto, já tem um post antigo sobre ele (em outubro de 2008, se quiser dar aquela conferida).

Agora, o comércio. Aaaaah o comércio. É lindo, faz inveja a qualquer Wall Street. É ali que o capitalismo selvagem acontece. É ali que a magia da economia tem lugar. É ali que cê pode conseguir um latão de Antártica, uma caneta-calendário, um isqueiro-lanterna ou um picolé Moleca de goiaba, leite condensado, limão ou maracujá. E o poder aquisitivo, hein? Rapaz, com R$ 1.00, sim, um simples real, você é rei. Dá pra comprar uns 3 amendoins, 2 paçocas, 23 balas Juquinha, uma escova de dente, um cinto, e um Super Bonder falso. Cara, eu ainda não sei o que não se vende no trem. Tem desde fantoche até chave de fenda, desde pomada-cura-tudo até ioiô. Tem tudo mesmo.

Agora completando, a essência do trem é que ele é a cara do subúrbio. Sim, se tem um ramal da Supervia próximo de você, parabéns, você é suburbano, que legal. Aquilo cheira a malandragem suburbana. É a lei do mais esperto, sabe como é. Uma vez eu tava andando na estação depois de desembarcar, só que eu tava andando muito perto do trem em movimento. Resultado? Tomei um tapão na cabeça de um desses caras pendurados na porta (sim, o trem tem gente pendurada na porta, a era do surfista de trem já passou). Eu realmente vacilei, até porque mesmo que eu tenha morado na Baixada Fluminense minha vida toda, eu sou lerdo. Mas eu ri na hora, levei na brincadeira, não doeu, e se eu estivesse de boné não teria sido um tapa, e sim um furto.

Porém, existem as coisas boas, o trem é relativamente rápido, não pega engarrafamento (apesar de atrasar às vezes), e tem o vagão do pagode, né.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

2010 e cantigas infantis

Um Feliz 2010 pros escassos leitores do meu humilde blog que volta dos mortos hoje.

O final de 2009 foi impossível. Uma penca de coisas de faculdade pra fazer, acabou sobrando pro NaQ, infelizmente. Passei um grande período no poço obscuro da falta de criatividade.

Agora, cá entre nós, eu não saí desse poço ainda. Estou escrevendo aqui só porque me sinto na obrigação de fazê-lo. Foi uma morte muito agonizante pro meu bloguinho querido, é uma sacanagem o que eu fiz com ele. Porém, em minha defesa, tenho a dizer que atualmente eu tenho muito menos senso de humor, faço piadas cada vez mais sem graças, e tô cada vez mais nerd (e ainda tenho coragem de chamar isso de "defesa").

Pois então, indo ao assunto do post, eu andei pensando essa semana. Cheguei à conclusão de que devia postar algo grande e interessante, sendo esse o primeiro post de 2010 e tal.

Enfim...

Eu não pensei em nada nessas proporções. Não quero falar de chuva, nem desmoronamento, nem BBB, nem qualquer outra coisa que vocês têm visto na TV ultimamente.

Portanto, vamos falar de algo revolucionário e importante. Sabe aquelas "cantigas" infantis, que se usam naquelas brincadeiras de bater as mãozinhas? Tipo adoleta, essas coisas. Pois é, já perceberam que as letras não fazem sentido nenhum?

Pegando o próprio exemplo da adoleta. "A-do-le-ta. Le peti peti polá. Le café com chocolá". Eu tenho medo, é sério. Isso TEM que significar alguma coisa, gente! E se for algum ritual de invocação? E se eu estiver vendendo minha alma? E a porra da criança depois ainda puxa o rabo do tatu, da cotia, da porra toda! Eu, hein.

Minha irmã me ensinou um joguinho desses. Pior... Eu aprendi.

O nome é "Tricilomelo". Deve ter significado em alguma língua nativa de algum lugar, mas eu sinceramente não quero saber o que é. Vamos à letra da cantiga:

Tricilomelo
Auantchu celo
Tricilomelo si
Auantchu celo si
Trici, trici
Tricilauêi.

Pois então galera, agora que vocês leram, o que quer que aconteça comigo vocês também vão ter. Mas é sério, o que raios significa essa música?! Nenhum vocábulo parece com nada, é bizarro! Minha irmã brincando toda feliz, cantando essa bruxaria aí. E eu nem sabia como escrever essa budega, é uma porrada de fonemas aleatórios, que no fim dá nisso.

Quem foi a mente doentia que pensou isso pela primeira vez? QUEM FOI ESSA CRIANÇA? Aposto que é filho de alguma espécie de profecia, não pode ser um pirralho normal que criou uma porra dessas. Enfim, o papo tá bom, mas eu tô com sono.

Fui, e o blog tá aí, pra atravessar 2010 ainda no anonimato (que por mais que eu tente, nunca consigo tirá-lo).