quinta-feira, 1 de março de 2012

Medicina for dummies

Fato verídico.

Aula de obstetrícia para o nono período de Medicina. O professor entra em sala, senhorzinho simpático, meio careca. Fala com ares de Ney Latorraca misturado com Jack Sparrow, ou seja, se balançando excessivamente, fazendo careta, e a voz levemente ébria. Faz questão de apontar para alunos aleatórios enquanto fala, dando aquele ar de drama à aula. Um trecho:

PROFESSOR: Hoje a aula é sobre as mudanças no corpo da mulher grávida. Então, vamos lá, o que acontece com o corpo da mulher grávida? Hein? Ele muda! Muda como? Muda tudo! Ele produz...? Hormônios! Alguém sabe me dizer algum, hein, hein? Gonadotrofina, isso aí, mais o quê? Estrogênio, perfeito, e? Pro-ges-te...? RONA! Isso aí! Então a mulher o que? Grávida, produz o quê? Hormônios, dentre os quais a pro-ges-te-ro...? Hein? Fala Gente!

ALUNOS (incrédulos) : Na...

PROFESSOR: Isso! A progesterona onde? Na mulher... O quê? Grávida. Promove o quê? O relaxamento. De quê? Da musculatura! De que tipo? Lisa. Que fica onde? Intestino. E onde mais? Hein? Vi-as u-ri-ná...? FALA GENTE!

ALUNOS: Rias...

PROFESSOR: Isso! Vias urinárias! Se vocês não sabem onde tem músculo liso o problema não é meu... Continuando, a mulher o que? Grávida. Produz o quê? Horm...



"Caralho, voltei pro CA..."

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Nova Iguaçu

Bom, o assunto de hoje é bem simples. Como o nome sugere, falarei de Nova Iguaçu.

Caso você não saiba o que é, não tem problema. Não está perdendo nada.

Mas de qualquer forma, é a cidade onde eu moro.

Enfim, Nova Iguaçu está localizada na região metropolitana do Rio de Janeiro, mais precisamente na Baixada Fluminense, bem próxima do inferno. Na maior parte das vezes, quando falo para alguém que moro aqui, sou respondido com uma expressão desconcertante. Às vezes é riso, outras vezes é pena mesmo, mas ninguém nunca fala “Nova Iguaçu?! Que legal!”

A primeira conclusão que tiro disso é que boa parte das pessoas não conhece a cidade, e que a outra parte que já ouviu falar imagina que é uma aldeia do interior. A segunda conclusão é de que Nova Iguaçu não tem de fato nada de legal para quem é de fora.

Nem para quem é de dentro.

Mas vamos lá! Never give up! Vamos tentar listar coisas interessantes sobre a cidade.

Primeiro, vamos acabar com essa palhaçada de que Nova Iguaçu é cidade pequena! O Centro é que é pequeno, mas o resto é bem vasto.

Cheio de mato, é verdade, mas ainda sim grande à beça. Tem um monte de bairros que se estendem por uma highway chamada Estrada de Madureira. Não conheço a maior parte deles, mas sei que a estrada é realmente longa. Começa no Centro e vai até o infinito. É lá que termina Nova Iguaçu.

Tudo aqui é laranja. Os prédios oficiais são laranja, nosso time de futebol é laranja, porque aqui era um grande laranjal no passado (juro que isso é o mais próximo da História da cidade que eu vou chegar nesse post), reparem no nosso brasão, tem um troço de laranja à direita.


Apesar da cana estar representada à esquerda, não há nenhuma referência à cana por aqui. Para todos os efeitos, a cidade só tinha laranja.

Mas, ao contrário do que se possa pensar, atualmente Nova Iguaçu tem asfalto, luz elétrica, Internet banda larga etc. Cidade grande. Temos McDonald’s, Subway, e estamos indo para a estreia do Burguer King. Na cidade existem TRÊS salas de cinema, e uma é 3D! É a civilização, mano!

Aliás, falando em Subway, o metrô também passa aqui.

Tá bom, é mentira. Só tem Supervia.

Enfim, mudando de assunto, tem uma coisa que Nova Iguaçu tem de sobra: gente.

A cidade é povão, mano. Galera, people, bando... O Centro comercial da cidade, o calçadão (ou Shopping a Céu Aberto, segundo a Prefeitura), está sempre, SEMPRE cheio pra cacete. E o motivo principal disso é que, assim como o calçadão de Copacabana, o nosso calçadão está bem na orla!

Tá, isso também é mentira.

O calçadão, na verdade, é o mais próximo do inferno que dá pra chegar sem ouvir sertanejo universitário. É lá que você pode conhecer as duas piores coisas da cidade: a infraestrutura e os iguaçuanos.

A cidade em si é uma merda. Filas para todos os lados, e um calor absurdo. Tudo ferrado, sujo, quebrado, cuspido, pichado, cagado e cheio de iguaçuanos. E aí reside quase uma relação de causa e efeito, porque a impressão que dá é que a cidade é o que é POR CAUSA dos iguaçuanos.

E é aqui que chegamos ao assunto mais importante sobre a cidade: o cidadão iguaçuano!

Em anos de observação atenta cheguei à conclusão de que as pessoas daqui deveriam estar em outro lugar da escala evolutiva. Aliás, o NaQ apela para algum biólogo leitor: por favor, venha desfazer esse erro da Ciência. Para facilitar a pesquisa, aí vão alguns dados:

"O povo de Nova Iguaçu tem uma capacidade impressionante de reprodução, a cidade fica mais cheia a cada dia. Fontes seguras afirmam que, caso houvesse uma tragédia no Centro, tipo um cometa de fogo explodindo o coração da cidade, as iguaçuanas estariam aptas a repor a população perdida em 37 minutos. Estima-se que, desde o início da sua leitura, 87 mil bebês nasceram dentro dos limites do município.

"O iguaçuano adulto típico é:

  • Mal educado, pois é proibido desculpar-se dentro dos limites do município;
  • Porco, pois não é permitido andar mais do que três metros em posse do seu lixo. Caso não encontre uma lixeira próxima, jogue-o no chão;
  • Suado, sendo a toalhinha no ombro opcional, e;
  • Mal humorado, com toda a razão.

"Lembrando que há variações, mas essa é a média."

Curiosamente, existe em Nova Iguaçu um certo tipo de orgulho inexplicável. Iguaçuanos têm a necessidade de mostrar que nasceram aqui. Parece um instinto incontrolável. Ser iguaçuano é mais ou menos como comprar algo da Apple: você não precisa perguntar isso para a pessoa, espere que ela diga para você. Lembram da Fani?

Tá deixa pra lá, eu ia dizer agora que iguaçuanos típic... UHUL NOVA IGUAÇU! UHUL NOVA IGUAÇU!

Err... prosseguindo.

Iguaçuanos típicos não temem os extremos climáticos, nem o sol escaldante, nem a chuva. Nada pode esvaziar a cidade. Ter que ir ao Centro da cidade é sempre uma tarefa extenuante para seres normais, pois não há horário bom para fazê-lo dentro do horário comercial. A partir do momento em que se abrem as lojas, iguaçuanos saem dos esgotos para ocupar o calçadão.

Agora, deixem-me explicar uma última coisa sobre a população da cidade: não há variações no número de pessoas durante o dia, apenas uma troca. Por exemplo, o Rio de Janeiro é uma capital. Cidade grande e tudo mais. Então, durante o dia, aparece gente pra caralho lá, porque as pessoas saem da periferia para trabalhar no Rio, certo?

Pois então, Nova Iguaçu é periferia do Rio, mas detém o título de “Capital da Baixada Fluminense”.

Grande merda.

Mas isso faz com que as pessoas que moram aqui saiam para o Rio de manhã, enquanto as pessoas dos demais municípios da Baixada venham para Nova Iguaçu, trabalhar ou resolver seus problemas. É como se aqui fosse uma grande capital desses municípios.

Isso sim é grande merda.

Enfim, tem as coisas boas da cidade. Aqui tem uma enorme reserva do Ibama, de Mata Atlântica de verdade, e a criminalidade não é tão grande quanto parece. Raros são os assaltos seguidos de morte. Morte aqui é encomendada.

Os ilustres da cidade não são muitos. Que eu me lembre tem o Zinho, ex-jogador do Flamengo, a já citada Fani, ex-BBB, e o Wanderley Luxemburgo, ex-bom técnico. Também tem o Humberto Martins, e agora você entende o hábito dele de ficar sem camisa.

E, o que muitos não sabem, é que o Seu Jorge nasceu aqui também (ele nasceu no município de Belford Roxo, que na época fazia parte de Nova Iguaçu), e a cidade sempre comemora o aniversário do cantor com uma grande festa: a Festa de Seu Jorge.

Aqui também tem um vulcão adormecido. Os boatos dizem que ele nunca vai entrar em erupção. Chupa essa, Japão! (inveja notável...)

E eu vou ficando por aqui, estou cansado de escrever, porque tá muito calor. Mais posts sobre Nova Iguaçu virão, aguardem.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Quando Nerd chorou


"Qual é a tua, rapá?!"

Calma Fred, foi apenas um trocadilho.

"Nada a ver fazer piada com isso..."

Pois é, como podem perceber, o NaQ voltou! Depois de tanto tempo! YEAH!

Sentiram saudades, né? Vai, pode falar...

"Ai, cala a boca tio..."

Ah vai, fala pra mim...

*fingindo falar no telefone*

Por favor...


Droga.

Enfim, algumas coisas mudaram desde aquela época: minha faculdade ficou mais chata, eu fiquei mais gordo, minha namorada ficou mais bonita, o mundo ficou mais quente e minha banda ficou mais... err... bem, agora eu tenho uma banda.

Entretanto, este post de retorno não será apenas um “post de retorno”, senão ia ser muito (mais) sem graça. O trocadilho do título não foi só para mostrar aquele bigode virtuoso, e sim para dar uma notícia extremamente triste: perdi meu PSP.

Primeiro, estúpido, isso é um PSP:


Significa PlayStation Portable. É basicamente um videogame portátil.

E esse post é especialmente voltado para você que precisou ver a foto para saber o que é de fato um PSP. É para você que, além de não saber o que é um PSP, não entendeu porque perdê-lo é uma “notícia extremamente triste”. Para você que exclamou aquele imenso foda-se “e daí?!”.

Você agora vai entender minha frustração, pois o assunto de hoje é um que está bastante em alta ultimamente: o NERD.

Sim, ser nerd está tão na moda que tinha até nerd no BBB12 (apesar de eu estar escrevendo depois dela ter sido eliminada). Ao que tudo indica, ser nerd hoje em dia é legal, maneiro, bacana, ou simplesmente “fofo”. Todo mundo enche a boca pra falar que é nerd, e aí vêm as milhares de fotos com camisa de videogame, óculos grandes e tudo mais, além das declarações de amor pro Mario. Que é um encanador. Italiano. Gordo.

"Aparentemente seu problema era causado por uma tartaruga. Já consertei..."


Sinceramente, isso me irrita. Pô, qual é?! Eu sempre fui nerd, excluído, a vida inteira. E aí hoje tu vem me dizer “Pô, cara, eu sou nerd também, até jogo videogame!”.

Tá de sacanagem, né?

Sim, eu sei que essa vai ser a trigentéptoctacententilésima vez que alguém define o que é “ser Nerd” na Internet, mas foda-se, aí vai o meu depoimento.

O nerd, na minha concepção, é um cara que tem muita vontade de saber das coisas que ele gosta. É um cara que pode gostar de qualquer coisa, desde Matemática ou História até Star Wars, videogame ou funcionamento das máquinas, mas que de qualquer forma tem uma curiosidade insaciável. Portanto, existem vários tipos de nerd, desde aquele cinéfilo chato até o fera dos computadores, passando obviamente pelo punheteiro compulsivo. O nerd não costuma ter uma vida social muito proeminente porque o mundo lhe parece muito sem graça.

(Na verdade, se você parar para pensar que a diversão da maioria das pessoas é se espremer com um monte de gente bêbada só pra ver a despedida do Exaltasamba, ou pra ver o Tchê tchrerê tchê tchê, seja lá o que diabos isso for, o mundo deveria lhe parecer sem graça também. Caso contrário, favor voltar para o Orkut.)

O nerd pode ser feio ou bonito, isso varia, mas normalmente é tímido, porque as suas preferências são diferentes daquelas do resto das pessoas. O nerd aprecia as coisas que gosta num nível quase maníaco, e isso é que faz com que o resto das pessoas o ache esquisito. Mas francamente, se você gosta de Michel Teló, cale a boca.

A vida do nerd é uma imaginação sem fim. Ele é imensamente mais criativo do que os fãs do Chiclete com Banana. Jogar videogame, RPG, ler, desenhar, compor músicas, tudo isso são formas do nerd exercitar a sua imaginação caótica. O nerd tem sede de pensar, de entender de tudo que gosta. O mundo de fantasia dos jogos é muito mais interessante que a vida de verdade. Não há desafios em sair na rua para comprar pão, ou em ser jornalista, ou cantar “ai se eu te pego, ai ai se eu te pego”, entendem?

O foda é que a vida do nerd costuma ser bem complicada por causa disso tudo. Sendo ele um ser humano como você, também tem algumas necessidades. Não, querido, “curtir a night” não é necessidade. Sexo é uma necessidade.

Mas diz aí, quem pega o nerd feio? Ninguém.

Gente feia ainda tem uma chance na balada, onde as pessoas estão sob efeitos de álcool, alucinógenos, pouca iluminação e desespero.

Ninguém se apaixona pelo nerd quando ele tá na banca de jornal comprando o mangá do Samurai X. Se ainda fosse a Men’s Health...

Concluindo, o nerd é um cara que sabe tudo na teoria. Teoricamente, o nerd sabe o que precisa pra soltar um Hadouken, ou um Kamehameha. Sabe como fazer um Wingardium Leviosa, e como capturar um Pokémon. Sabe de onde o Chewbacca veio, e para onde o Mestre Yoda foi. Aprendeu os signos em ordem vendo Cavaleiros do Zodíaco. Reconhece espadas, escudos, arcos e lanças diferentes. Luta de tudo um pouco, violento como Mortal Kombat ou habilidoso como Naruto. O problema é que ele nasceu numa realidade diferente. Paciência. O nerd vive num mundo onde “minha vó tá maluca”, porque “tanta coisa pra comprar, ela comprou uma peruca”.

"Mas funk é bom pra dançar, lek. Olha só!"

Seu argumento é inválido.

Sou nerd, e tenho orgulho disso. Faço Medicina e fico me lamentando que não vou ser um rockstar famoso, tenho uma namorada linda e ela aprendeu a jogar videogame comigo.

E agora eu perdi o meu PSP. Merda.

Longa vida ao NaQ.