Bom, o assunto de hoje é bem simples. Como o nome sugere, falarei de Nova Iguaçu.
Caso você não saiba o que é, não tem problema. Não está perdendo nada.
Mas de qualquer forma, é a cidade onde eu moro.
Enfim, Nova Iguaçu está localizada na região metropolitana do Rio de Janeiro, mais precisamente na Baixada Fluminense, bem próxima do inferno. Na maior parte das vezes, quando falo para alguém que moro aqui, sou respondido com uma expressão desconcertante. Às vezes é riso, outras vezes é pena mesmo, mas ninguém nunca fala “Nova Iguaçu?! Que legal!”
A primeira conclusão que tiro disso é que boa parte das pessoas não conhece a cidade, e que a outra parte que já ouviu falar imagina que é uma aldeia do interior. A segunda conclusão é de que Nova Iguaçu não tem de fato nada de legal para quem é de fora.
Nem para quem é de dentro.
Mas vamos lá! Never give up! Vamos tentar listar coisas interessantes sobre a cidade.
Primeiro, vamos acabar com essa palhaçada de que Nova Iguaçu é cidade pequena! O Centro é que é pequeno, mas o resto é bem vasto.
Cheio de mato, é verdade, mas ainda sim grande à beça. Tem um monte de bairros que se estendem por uma highway chamada Estrada de Madureira. Não conheço a maior parte deles, mas sei que a estrada é realmente longa. Começa no Centro e vai até o infinito. É lá que termina Nova Iguaçu.
Tudo aqui é laranja. Os prédios oficiais são laranja, nosso time de futebol é laranja, porque aqui era um grande laranjal no passado (juro que isso é o mais próximo da História da cidade que eu vou chegar nesse post), reparem no nosso brasão, tem um troço de laranja à direita.
Apesar da cana estar representada à esquerda, não há nenhuma referência à cana por aqui. Para todos os efeitos, a cidade só tinha laranja.
Mas, ao contrário do que se possa pensar, atualmente Nova Iguaçu tem asfalto, luz elétrica, Internet banda larga etc. Cidade grande. Temos McDonald’s, Subway, e estamos indo para a estreia do Burguer King. Na cidade existem TRÊS salas de cinema, e uma é 3D! É a civilização, mano!
Aliás, falando em Subway, o metrô também passa aqui.
Tá bom, é mentira. Só tem Supervia.
Enfim, mudando de assunto, tem uma coisa que Nova Iguaçu tem de sobra: gente.
A cidade é povão, mano. Galera, people, bando... O Centro comercial da cidade, o calçadão (ou Shopping a Céu Aberto, segundo a Prefeitura), está sempre, SEMPRE cheio pra cacete. E o motivo principal disso é que, assim como o calçadão de Copacabana, o nosso calçadão está bem na orla!
Tá, isso também é mentira.
O calçadão, na verdade, é o mais próximo do inferno que dá pra chegar sem ouvir sertanejo universitário. É lá que você pode conhecer as duas piores coisas da cidade: a infraestrutura e os iguaçuanos.
A cidade em si é uma merda. Filas para todos os lados, e um calor absurdo. Tudo ferrado, sujo, quebrado, cuspido, pichado, cagado e cheio de iguaçuanos. E aí reside quase uma relação de causa e efeito, porque a impressão que dá é que a cidade é o que é POR CAUSA dos iguaçuanos.
E é aqui que chegamos ao assunto mais importante sobre a cidade: o cidadão iguaçuano!
Em anos de observação atenta cheguei à conclusão de que as pessoas daqui deveriam estar em outro lugar da escala evolutiva. Aliás, o NaQ apela para algum biólogo leitor: por favor, venha desfazer esse erro da Ciência. Para facilitar a pesquisa, aí vão alguns dados:
"O povo de Nova Iguaçu tem uma capacidade impressionante de reprodução, a cidade fica mais cheia a cada dia. Fontes seguras afirmam que, caso houvesse uma tragédia no Centro, tipo um cometa de fogo explodindo o coração da cidade, as iguaçuanas estariam aptas a repor a população perdida em 37 minutos. Estima-se que, desde o início da sua leitura, 87 mil bebês nasceram dentro dos limites do município.
"O iguaçuano adulto típico é:
- Mal educado, pois é proibido desculpar-se dentro dos limites do município;
- Porco, pois não é permitido andar mais do que três metros em posse do seu lixo. Caso não encontre uma lixeira próxima, jogue-o no chão;
- Suado, sendo a toalhinha no ombro opcional, e;
- Mal humorado, com toda a razão.
"Lembrando que há variações, mas essa é a média."
Curiosamente, existe em Nova Iguaçu um certo tipo de orgulho inexplicável. Iguaçuanos têm a necessidade de mostrar que nasceram aqui. Parece um instinto incontrolável. Ser iguaçuano é mais ou menos como comprar algo da Apple: você não precisa perguntar isso para a pessoa, espere que ela diga para você. Lembram da Fani?
Tá deixa pra lá, eu ia dizer agora que iguaçuanos típic... UHUL NOVA IGUAÇU! UHUL NOVA IGUAÇU!
Err... prosseguindo.
Iguaçuanos típicos não temem os extremos climáticos, nem o sol escaldante, nem a chuva. Nada pode esvaziar a cidade. Ter que ir ao Centro da cidade é sempre uma tarefa extenuante para seres normais, pois não há horário bom para fazê-lo dentro do horário comercial. A partir do momento em que se abrem as lojas, iguaçuanos saem dos esgotos para ocupar o calçadão.
Agora, deixem-me explicar uma última coisa sobre a população da cidade: não há variações no número de pessoas durante o dia, apenas uma troca. Por exemplo, o Rio de Janeiro é uma capital. Cidade grande e tudo mais. Então, durante o dia, aparece gente pra caralho lá, porque as pessoas saem da periferia para trabalhar no Rio, certo?
Pois então, Nova Iguaçu é periferia do Rio, mas detém o título de “Capital da Baixada Fluminense”.
Grande merda.
Mas isso faz com que as pessoas que moram aqui saiam para o Rio de manhã, enquanto as pessoas dos demais municípios da Baixada venham para Nova Iguaçu, trabalhar ou resolver seus problemas. É como se aqui fosse uma grande capital desses municípios.
Isso sim é grande merda.
Enfim, tem as coisas boas da cidade. Aqui tem uma enorme reserva do Ibama, de Mata Atlântica de verdade, e a criminalidade não é tão grande quanto parece. Raros são os assaltos seguidos de morte. Morte aqui é encomendada.
Os ilustres da cidade não são muitos. Que eu me lembre tem o Zinho, ex-jogador do Flamengo, a já citada Fani, ex-BBB, e o Wanderley Luxemburgo, ex-bom técnico. Também tem o Humberto Martins, e agora você entende o hábito dele de ficar sem camisa.
E, o que muitos não sabem, é que o Seu Jorge nasceu aqui também (ele nasceu no município de Belford Roxo, que na época fazia parte de Nova Iguaçu), e a cidade sempre comemora o aniversário do cantor com uma grande festa: a Festa de Seu Jorge.
Aqui também tem um vulcão adormecido. Os boatos dizem que ele nunca vai entrar em erupção. Chupa essa, Japão! (inveja notável...)
E eu vou ficando por aqui, estou cansado de escrever, porque tá muito calor. Mais posts sobre Nova Iguaçu virão, aguardem.