É uma sensação terrivelmente indescritível perceber que este dia 15 do mês de maio, neste momento, não consegue ser nada mais do que um mês exato após o dia 15 de abril de 2009, e só. Tudo é muito estranho, com nuances de incompreensão, com pitadas de apatia, com tristeza.
A rapidez foi impressionante, e a surpresa nada agradável, obviamente. E ainda tem a revolta. Funciona assim, num turbilhão desses sentimentos que, mesmo um mês depois, ainda teimam em não se organizar. Fica difícil escrever o que sente, é difícil falar o que sente, é difícil sentir isso tudo.
Não sei porque escolhi escrever sobre isso exatamente um mês após, já que a saudade não tem noção de tempo. Mas é tendência nossa, na condição humana, marcar o tempo com exatidão, e esses marcos ainda são picos de lembrança, mesmo das coisas que nunca são verdadeiramente esquecidas.
Pois é, amigo, você foi assim, do nada. A gente nem se despediu, e nessas horas eu penso se realmente teria tido condições de fazer isso com alguma coerência. Sejamos francos, nós nunca esperamos a morte, a juventude tem um ego enorme. Mas a morte veio, e dessa vez a egoísta foi ela, como um raio, gritando a fragilidade da vida.
Sendo assim, sento-me aqui, escrevo algo entre uma homenagem póstuma e uma suposta despedida, e nunca saberia lhe dizer o quanto é incompreensível vincular palavras como “póstuma” e “morte” à sua imagem, mas saberia lhe dizer que é um irmão pra mim. O que escrevo aqui carrega, agora, todo peso da amizade que tenho por uma pessoa que invariavelmente morreu, está carregado de amor fraterno. É assim, amigo, você pode ter ido, mas continuará vivendo juntamente com as pessoas que te amam, e acredito que essas palavras poderiam ser proferidas por qualquer uma dessas pessoas, acredito que falo em nome de muitas delas. Você é muito amado.
Meus olhos ainda se enchem de lágrimas tímidas, meu peito ainda dói, evito prontamente tocar no assunto, eu confesso. A carga é alta demais. Não posso privar o meu pensamento de reviver o cotidiano, de reviver os momentos marcantes, de reviver toda a história. Cada segundo de pensamento é uma finíssima agulha no coração.
Mas você lembra quando prometíamos ser amigos a vida inteira? E que faríamos com que nossos filhos fossem amigos, assim como nós somos? Acho que era uma coisa tão boa que simplesmente queríamos que nossas crianças, alvo de todo nosso amor, sentissem o que nós sentíamos. Por isso não posso parar de considerar com certo pesar que sua jornada tenha sido interrompida.
Enfim, meus filhos não conhecerão os seus, mas certamente saberão que o pai ainda tem um grande irmão, que mesmo ausente está presente, nesse paradoxo tão complexo, que só a amizade verdadeira pode proporcionar.
Nessas horas, as lágrimas que estavam guardadas durante um mês, teimam em sair =/
ResponderExcluirSó queria que ele soubesse que eu o amo. E que vou sentir sua falta.
Beijos, da garota que você vivia chamando de "a gênio forte" Ju.
So posso agradecer ao destino, por ter colocado em parte de minha estoria, um grande amigo, ou melhor, um irmao de criaçao que querendo ou não ele me ajudou a moldar parte do meu carater e experiencias de vida...sou grato por todos os momentos com ele, pois afinal uma pessoa so morre de verdade quando a ultima pessoa que lembra dele,dá seu ultimo suspiro!
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