segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Fim das eleições no Rio

Fiquei surpreso com a vitória do Paes, juro. Achei que o Gabeira ia ganhar.

"Você votou no Gabeira, né?"

Não criatura, eu não votei em ninguém. Não sou do Rio, sou de uma cidade adjacente onde um certo nordestino razoavelmente carismático massacrou o careca adversário no primeiro turno. E eu votei no careca.

Enfim, estou aqui tentando ver os motivos para a derrota do Gabeira (ou da vitória do Paes, tanto faz), porque é óbvio que a eleição do Rio foi decidida nos detalhes. Não tenho, praticamente, nenhuma bagagem política para fazer uma avaliação precisa e embasada, mas, como de médico, louco, técnico de futebol e analista político todo mundo tem um pouco, posso tentar.

Eu votaria 43. Simplesmente porque eu vejo o Paes como o "homem da mesma coisa", e o Gabeira como o "homem que ia fazer alguma coisa diferente". Isso é uma questão meramente instintiva, eu não sei explicar, mas acho que conseguem entender isso. Pra mim, o Paes vai entrar e tudo vai continuar a mesma coisa, o povo vai até esquecer dele. Já o Gabeira dava a impressão que ia ser um cara polêmico, que ia se comportar como um prefeito de fato. Contudo, nunca se sabe, espero que o Paes queime minha língua (no sentido figurado).

Algumas pessoas, moradoras da cidade em questão, me disseram que por lá é a Zona Oeste que elege, e isso poderia explicar o resultado por si só. O Paes era o candidato da Zona Oeste, era o cara "suburbano". Já o Gabeira era o "garotão" (por favor, entendam que cada letra dessa palavra está pesada de tanta ironia) da Zona Sul. Hoje de manhã eu vi um eleitor do Paes na TV dizendo que o resultado foi bom, " - porque o outro só ia fazer coisa lá em Ipanema, onde ele mora!". Ok, esperamos então que o Paes faça bastante pela Barra da Tijuca, mas continuando com a análise, ainda acho que a diferença deles foi tão pequena que só essa questão local não explicaria tudo.

Talvez quem fuma e quem cheira não tenha votado no Gabeira... não, acho que não. Mas pode ter sido uma questão visual, já que o Gabeira lembra a bruxa Yubaba do filme A Viagem de Chihiro


- Quem? Eu?!

Tu sim. Tirando as bolotas nas orelhas e na testa, e a maquiagem, diria que são bem parecidos. Mas, pensando bem, isso seria fútil demais (ainda que eu não votasse na Yubaba nem fudendo).

Talvez a explicação para tudo sejam os apoios que cada um recebeu, já que o Paes tinha parceria com o Lula e com o Sérgio Cabral...

Porra, peraê! Isso num é uma parceria, é formação de quadrilha!

"Ah, nem é tããããão assim não."

É, acho que estou chegando perto da explicação, brasileiro gosta de bandido mesmo, mas nem vou entrar nos méritos dessa afirmativa porque não quero gastar meus dedos aqui infinitamente.

Lembrando que o Paes também recebeu o apoio de Deus, representado pela figura imaculada de Marcelo Crivella, e convenhamos que isso pode ter feito toda a diferença. Acho que já podemos considerar que esse somatório de fatos são bem relevantes.

Zona Oeste + Honestidade Federal e Estadual + Deus = Vitória do Paes, e vou dando o caso por encerrado aqui.

(Só um último anexo: se eu estivesse em São Paulo, e tivesse que escolher entre Gilberto "Língua Presa" Kassab e Marta "Simpatia" Suplicy, eu escolheria explodir a urna.)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Retorno, desespero e canetas

Voltei.

Sim, estava viajando. Passei praticamente a última semana no OREM, as Olimpíadas Regionais dos Estudantes de Medicina. Foi ótimo e tudo mais. É como se fosse uma festa enorme, em que vários estudantes inconsequentes se reúnem numa cidade distante (Itaperuna foi a desse ano) para xingar os estudantes das outras faculdades durante o dia, nos jogos (futebol, basquete, volei, etc...) e fazer sexo com os mesmos durante a noite, nas festas. A cidade praticamente triplicou de população, pois a cada 10 pessoas vistas nas ruas, 8 tinham crachazinho de participante do OREM. Quando eu disse "inconsequentes", eu me refiro a grupos que esqueceram a noção em suas casas e fazem todas as merdas do mundo longe de seus papais. Isso gera renda, reclamações da população, múltiplas prisões e acidentes na cidade sede. Acho que nem a polícia, nem os taxistas, trabalharam tanto ao longo de suas vidas.

Enfim, este não é pra ser um post sobre o OREM (até porque a faculdade a qual eu pertenço, a UFRJ, teve uma participação medíocre no quadro geral). Na verdade esse post não é pra ser sobre nada, era mais uma obrigação minha, já que tem mais de uma semana que eu não atualizo isso aqui.

Eu poderia bem ter voltado de viagem e ter partido pra Internet escrever os meus postzinhos habituais, mas enfim, lembrem-se que eu passei uma semana fora, e eu faço Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro (adoro repetir isso!). Desde que eu voltei NÃO PARO DE FAZER TRABALHOS ENORMES TODOS OS DIAS! Tô ficando com tendinite.

E nisso de ficar escrevendo horas e horas a fio (sim senhores, os professores não aceitam colad... quer dizer, "digitado" no computador), eu percebi uma coisa irritante:

NÃO AGUENTO MAIS A CANETA FALHANDO!

"Ah, canetas falham mesmo..."

Não é esse o problema, falhar é normal, o problema é que ela falha de sacanagem! Ela falha no meio da frase, aí voce vai e testa no fim da página e ela funciona... MAS CONTINUA FALHANDO NO MEIO DA FRASE! E você testa na mão, na parede, debaixo d'água, e a maldita escreve, MENOS NA PORRA DA FOLHA!

Ufa... descarreguei...

Enfim, desculpe por esse texto inútil. O que importa é que ando relativamente ocupado, mas estou aqui marcando presença.

sábado, 11 de outubro de 2008

Evangélicos

Antes de mais nada, quero deixar bem claro que não tenho nada contra nenhuma religião, ou até mesmo contra a não existência de alguma. Mas, porém, todavia, entretanto estou aqui para salientar o lado engraçado de nossos amigos evangélicos.

É fácil reconhecer um evangélico. Eles têm três características principais: um vocabulário próprio, mania de perseguição e total desrespeito com as outras religiões.

"Ai meu Senhor, essa macumba é coisa do capeta, glória a Deus, Jesus, destrói o inimigo, aleluia!"

Poderia dizer que esta frase resume tudo que eu tenho a dizer, e que me faz rir. Já me estressei muito conversando com evangélicos, mas hoje em dia percebo que é MUITO engraçado!

Primeiro, a mania de perseguição deles é absurda! Daria um bom roteiro pra qualquer filme de ação. O diabo, capeta, Lúcifer, ou simplesmente "Inimigo" é um antagonista fora de sério. Ele trama planos inteligentíssimos, que têm como objetivo conseguir mais almas para seu clubinho. Tudo, eu disse TUDO, é obra do "Inimigo", e a vida para os evangélicos é uma constante guerra, cheia de emoções. Até o jeito de chamar de "Inimigo" dá todo um ar misterioso, aquele vilão com codinome, que projeta a sua sombra do mal sobre os mocinhos. Eu gostaria de ver isso no cinema...

E o vocabulário.

Putz, de cada 10 palavras ditas por um evangélico, 8 são vocábulos que oscilam entre "Senhor", "Deus", "Glória", "Aleluia", "Graças", ou sinônimos. Das outras duas palavras, uma é um verbo e a outra é um conectivo, pra dar sentido na frase (ou não).

Enfim, conversar com evangélicos é uma experiência boa, porque você pode dar boas risadas. Assistir "cultos públicos" então, porra, é hilariante! Aquelas tias gritando nas praças e nos trens. Gente tirando o capeta do corpo dos fiéis (é um poder especial do Inimigo) em plena luz do dia. Se você realmente está vendo por OPÇÃO, é muito engraçado! (Pena que às vezes eles esquecem que as pessoas tem esta alternativa de NÃO QUERER OUVIR o que eles estão dizendo)

Ah, e por último, temos o artefato mágico: a Bíblia.

Cacete, já não sei mais se a Bíblia é um livro ou um notebook com acesso à Internet! Porque TUDO que acontece no mundo está escrito ali em algum lugar. Porra! Que foda! É como se você tivesse uma espécie de BBC, ou GloboNews à mão! Vou pedir uma de Natal...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Eu sou brasileiro...

"... e não desisto nunca."
"... com muito orguuuuuulhooooooo, com muito amoooooooooooooooorrr!"

Êita povão patriota!

Eu acho isso muito bonito. Sério. Me emociona. E me emocionaria muito mais se não fosse COMPLETAMENTE FALSO!

Assustado?! Talvez não tanto, porque eu acho que não precisa pensar muito mais que uma planta pra perceber que a maioria esmagadora da nossa população é extremamente ingrata. Pode ser uma opinião meio radical, mas, analisando os fatos, eu acho bem óbvio. E ainda digo isso muito tristemente, porque eu próprio não consigo ser exceção na maioria das vezes.

"Cenário: Copa do Mundo FIFA.

Ruas pintadas e gritaria. Os carros com bandeirinhas, adesivos ou qualquer tipo de acessório verde e amarelo. Tudo muito lindo, as pessoas levantam diante da TV na hora do Hino. Põem a mão no peito e tudo! Ai, que orgulho de ser brasileiro!"

Reparem bem que houve intenção de minha parte em especificar o "FIFA", porque metade dos brasileiros parece esquecer que outras modalidades esportivas possuem competições que não as Olimpíadas. Sim, senhores, os irmãos Hypólito, o Cesar Cielo, a Fabiana Murer, todos eles competem o ano inteiro, não apenas um mês a cada quatro anos. Existem "Copas do Mundo" de outras coisas!

"Ah, mas o Brasil é o país do futebol!"

Exatamente, e é aí que entra a ingratidão, porque em época de Olimpíadas nossos atletas viram nossos heróis! Todo mundo fica acompanhando quadro de medalhas, e comemora até o bronze do hipismo (nada contra).

Mas se o cara perde, pronto, acabou pra ele...

"Porra, o Brasil é muito ruim! Não sei nem porque tô vendo essa merda. Num ganha nada!"

(Chama de "Brasil" porque provavelmente não sabe o nome de quem tá competindo.)

Eu, sinceramente, ficaria muito puto sendo atleta olímpico brasileiro. Ninguém nem sabe quem você é. Se você ganhar vai virar celebridade. Porém, se você perder, coitada da sua mãe! Tudo isso porque o Brasil é o "país do futebol".

E é assim que nós somos, é Brasil na Copa, Brasil nas Olimpíadas...

SERÁ QUE NÓS SÓ SOMOS BRASIL NOS ESPORTES?!

Que tipo de patriotismo é esse? Porque ninguém sacode uma bandeira na janela quando o Brasil fica com a balança comercial favorável? Porque todo mundo faz cara de tédio quando toca o Hino na escola? Porque ninguém sai com uma bandana do Brasil quando cai o índice de criminalidade nacional? Porque ninguém usa bandeirinha do Brasil no carro? E ainda dizem que o "melhor do Brasil é o brasileiro."

"Ah, mais peraê. Nós somos um povo hospitaleiro, divertido, irreverente..."

Boas qualidades, mas...

E SE EU NÃO FOR?!

É chato ter que perceber que o brasileiro é estereotipado por si próprio. Eu certa vez li um comentário mais ou menos assim: "O Felipe Massa nem parece brasileiro! Ele ganha e não vibra, não comemora direito!"

Me diz... o que ele tem que fazer pra "comemorar direito"? Ser brasileiro é pular igual a um orangotango a cada vitória? Eu tenho que ser irreverente pra ser aceito?

Por essas e outras que eu acho que, na verdade, nós simplesmente odiamos nosso país sem assumir. Ninguém sequer liga pro "Brasil", só que é muito fácil falar mal! O Brasil é uma merda pra todo mundo!

Mas em 2010...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Crianças geniais

Ah, como eu odeio aquelas crianças-prodígio que sempre sabem tudo nos filmes!

Não, não é recalque, nem nada disso. Não tenho nada contra uma criança ser um gênio sem comparação. Não ficaria puto se uma criança parasse do meu lado e começasse a me explicar a Teoria dos Pontos Equivalentes do Continuum Espaço-tempo, seja lá o que isso queira dizer.

A questão não passa só pelo fato de saberem tudo, e sim pela coincidência milagrosa destes pequenos nerd's terem dedicado toda a sua vida a reunir conhecimentos aparentemente inúteis, mas que sempre são a salvação numa parte fatal do filme.

Quer um exemplo? Jurassic Park.

Eu me lembro bem pouco do filme, mas após a clássica cena da cozinha (muito boa por sinal), as criançar correm pra uma sala de controle, onde elas encontram não lembro direito quem. Os dinossauros estão tentando passar pela porta e não está dando pra segurar mais a porta e vão todos morrer ali ai meu Deus o que que vamos fazer agora é o fim é o fim é o f... ESPERE! Tem um computador ali! Ele controla as coisas no parque e tudo mais. Porém:

"- AH NÃO! É um sistema complexo e blá blá blá."

Ok, esse é uma parte dramática, todos estão prestes a morrer. A única salvação é um computador que niguém sabe mexer.

Opa! Eu disse "ninguém"?!

Ahá! Vocês não contavam com o fato de que Lex Murphy, a menina assustada, é uma hacker! Ela sempre se interessou por este tipo de coisa, treinou bastante, e agora é a hora de usar! Senta-se na cadeira, põe seus dedinhos habilidosos no teclado e pronto! Estamos todos salvos!

Outro exemplo, A Múmia 2.

O garoto Alex O'Conell entende bem desse assunto de múmias, TÃO bem que seus conhecimentos linguísticos são cruiciais numa parte do filme lá, que infelizmente também não me recordo direito. Mas é mais ou menos a mesma coisa, "...iremos todos morrer se isso aqui não for traduzido!", e ele traduz, coisa e tal, e pronto.

Enfim, isso me deixa muito puto! Pra mim soa como uma super falta de criatividade.

"Ai meu Deus, não há como aparecer um profissional do nada. Err... bem... suponha que a criança..."

E a criança salva todo mundo porque coincidentemente ela sabia TUDO sobre aquele assunto! Mesmo que haja a justificativa de ela saber porque os pais dela sabiam, como é o caso d'A Múmia, ainda acho que é MUITA apelação. As crianças na maioria das vezes são apenas crianças! Mais preocupadas em se sujar do que ficar traduzindo um monte de coisas chatas.

Eu fico imaginando como seria se naquele momento desesperador, o cara vira pra criança e diz:

"- Putz, nossa vida depende de descobrirmos esse código de acesso! Alguma idéia?!
- Não pô! Eu sei tudo sobre o Antigo Egito..."


E os dois morrem, e levam junto esse maldito clichê das crianças-salvação.