sábado, 17 de outubro de 2009

Traduções literais

Já perceberam o quanto algumas coisas que parecem extremamente normais em inglês, se traduzidas, soam o mais idiota possível?

Nomes de banda, por exemplo. Temos Queen, Kiss, Red Hot Chilli Peppers, The Who, Pearl Jam, Yes, Deep Purple, The Cure, entre outras.

Obviamente, estou desconsiderando o motivo pelo qual essa ou aquela banda tem esse ou aquele nome, só vendo como ficaria em português. Pois então, vamos às traduções.

Primeiro, a banda "Rainha". Nem acho que preciso comentar muita coisa, aliás, esse nome já foi usado para marca de tênis aqui no Brasil.

Agora a banda "Beijo", dos maquiados andróginos do Heavy Metal. Pois é, o Gene Simmons até podia ser malzão com aquela língua de sapo dele, mas esse nome, "Beijo", de metal não tem nada. Lembrando que até tinha um grupo de axé que se chamava assim.

Se eu falo "manhê, me dá um dinheiro preu ver as Pimentas Quentes Vermelhas", talvez ela ache que se trata de um show erótico, ou que eu estou me drogando, ou qualquer outra coisa.

Continuando com "O Quem". Quem?! (nossa, que piada sem graça.)

E quem não conhece a "Geléia de Pérolas", hein? Lá, o Eddie Vedder cantando, com aquela voz chata inconfundível.

No rock progressivo, temos a banda "Sim". Esse é horrível, nem preciso falar nada.

"Roxo Profundo". Cara, tem algum tarado lendo isso?

E "A Cura"? A banda é boa, eu gosto, mas esse nomezinho de música do Lulu Santos é difícil.

Logicamente existem outras, e logicamente você pode pensar que eu sou um idiota por estar fazendo essas comparações, afinal de contas, é uma língua estrangeira e blá blá blá. Tenho uma novidade pra você, estraga prazeres: esse blog fala de inutilidades idiotas a maior parte do tempo, e sim, eu acho graça nessas traduções. Obrigado.

Continuando, eu queria chamar a atenção para dois jargões, em específico. Eles são usados no meio militar, e aparecem em filmes direto.

Pra começar, imagina a cena: tá lá o soldado com uma granada na mão. Ele puxa o pino, joga a dita cuja, e grita "FIRE IN THE HOLE!" (quem jogou Counter Strike sabe.)

Alguém já percebeu nesse exato instante que isso quer dizer "fogo no buraco"? Que porra de regime militar bichona é esse? Eu queria que alguém algum dia me explicasse o motivo pelo qual uma expressão tão pederasta é usada num meio tão aparentemente machão. É meio que uma regra, eles TÊM que gritar isso. Que humilhação.

E por último, a expressão de confirmação clássica. Um oficial dá uma ordem pelo rádio, aí o soldadinho responde "Roger".

Tá bom, eu sei que é apenas um jargão, mas imagina que escroto uma conversa no rádio, no meio da guerra, assim:

- Você deve seguir as coordenadas 10-37 para abater o alvo. Câmbio.
- Rogério. Câmbio e desligo.


Sem mais.


UPDATE: Queria agradecer ao Ygor por ter tido comigo a conversa que inspirou esse post. Grato.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O dia de hoje

Alô, amigos.

Talvez não tenham percebido, mas hoje é dia 22 de setembro. Você pode perguntar "Mas e daí?". Provavelmente eu responderia "É, nada de mais mesmo."

Ele é o 265º deste ano de 2009, e faltam 100 dias para o Ano Novo. Um monte de coisas aconteceram neste dia através dos anos. Em 1862 Abraham Lincoln proclamou a liberdade dos escravos nos Estados Confederados da América, em 1959 Santos Dumont recebeu o posto de honra de Marechal-do-Ar, e em 1980 a guerra Irã-Iraque teve início.

Este também foi o dia da estréia do filme O Exorcista, em 1973.

Em 22 de setembro de 1987 estreava a série Full House (chamada de "Três é Demais" aqui no Brasil), em 1994 estreava Friends, e em 2004 foi a vez do Lost. Boas séries.

Várias outras coisas, que você provavelmente não faz a mínima idéia do que foram, aconteceram neste dia.

Várias pessoas famosas nasceram, como o cantor Gonzaguinha, ou o zagueiro Thiago Silva (ex Fluminense e atualmente no Milan), ou ainda Tom Felton, que é o cara que interpreta o Draco Malfoy nos filmes do Harry Potter.

Outras centenas de ilustres desconhecidos nasceram para entrar para história exatamente em 22 de setembro, mas minha ignorância não me permite conhecê-los.

Personagens históricos também morreram neste dia, como Antônio Conselheiro, líder religioso de Canudos, que bateu as botas em 1897.

No Brasil nós comemoramos (sem ninguém saber) o dia da Juventude Brasileira, o dia da Defesa da Fauna, o dia do Contador, o dia do Técnico Agropecuário e o dia dos Amantes. Quero deixar aqui meus parabéns para as pessoas que estão sendo contempladas com a homenagem.

Quero deixar também meus parabéns para os aniversariantes do dia, o que inclui a cidade de São Gonçalo, fundada em 22 de setembro de 1890, fazendo 119 aninhos.

E agora você talvez comece a pensar que eu fiquei louco, mas isso tudo tem um sentido. Hoje o NaQ está completando um ano de idade. Isso mesmo! Ele continua sendo um blog completamente anônimo, eu não fiquei famoso, e talvez menos pessoas estejam lendo este post do que o número de pessoas que leram o post de inauguração. Com isso tudo, acho que podemos considerar este pirralho digital um grande fracasso! YEAH!

Sem mais demora, vamos logo cantar parabéns para partir o bolo, porque amanhã é quarta-feira, a galera acorda cedo, e...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Nomes

Já perceberam que a maioria dos grandes esportistas brasileiros não tem nomes razoavelmente brasileiros? Pra mim é no mínimo curioso que eu torça para pessoas que, se não estivessem de verde e amarelo nas Olimpíadas, talvez eu nem soubesse que também vieram da nossa pátria mãe gentil.

Vamos lá, automobilismo. Temos Barrichelo, Piquet, de Ferran, Burti, Senna etc. Se bem que eu já conheci um Senna uma vez, mas mesmo assim. Talvez os Silvas sejam mais lentos.

E no atletismo. Temos a nossa brasileiríssima Fabiana Murer no salto com vara. Já no salto em distância temos a inacreditável Maurren Higa Maggi. Essa então parece uma mistura de francês, japonês e tempero, um genuíno croissant de galinha caipira crua.

Natação. Que me desculpe o Thiago Pereira, mas o Cesar Cielo tá um monstro. E não esqueçamos do nosso querido Xuxa, ou Fernando Scherer.

Sem sair da água, mas entrando nos barcos à vela, temos os irmãos Lars e Torben Grael, e o lendário Robert Scheidt. Fala sério, custava ser um João de Souza?

E no tênis? Vamos lá, quantos Kuerten você já conheceu na vida? E quantos Meligeni?

Ginástica artística. Êita família Hypólito! Pelo menos a Daiane inventou o salto "dos Santos" pra dar uma moralzinha para aqueles que, como eu, tem nomes extremamente comuns e sem graça.

Pois é, ninguém enrola a língua pra falar meu nome, ninguém pede para eu soletrar o dificílimo "Albuquerque Almeida", e eu até começo a achar que mesmo que eu não fosse um obeso sedentário sem talento esportivo, eu nunca iria tão longe numa carreira atlética, meu nome é muito fácil.

O pior é que essa tendência parece ser válida até fora do meio esportivo. Nossa top model Gisele Bündchen é tão chique que o nome dela ainda tem trema. E supondo que um dia eu descubra alguma coisa científicamente importante, acho que "Teoria de Almeida", ou ainda "Corpúsculo de Albuquerque" são nomes meio sem graça. "Teorema de Pitágoras", "Cápsula de Bowman" e "Fórmula de Hardy-Weinberg" são nomes tão mais legais, têm um tchan qualquer.

É claro que você, antenado nas questões sociais, um genuíno estraga-prazeres, pode dizer que isso tudo é por causa das famílias tradicionais, riquinhas, de onde essas pessoas de sucesso vieram. Ok, você deve estar certo, até porque achar que é coincidência é demais, mas você está certo e é muito chato, só pra constar.

Talvez por isso que nós vemos no futebol essa penca de apelidos escrotos. É o jeito moleque do brasileiro, a informalidade, e blá blá blá. Só não esqueçam que o nome do Kaká é na verdade Ricardo Izecson, e sim, eu sei que ele é de família rica, mas dane-se.

Aliás, uma particularidade dos nomes dos futebolistas me espanta. Só no meu Mengão por exemplo, nós vimos nesse ano Aírton, Éverton, Lenon, Welinton, Kléberson, Ibson e Émerson. A escalação na Globo chega a rimar desse jeito. Curioso é que "son" é filho em inglês, então, a menos que os nomes dos pais dos três últimos sejam Kléber, Ib e Émer, o que eu duvido muito, eu me preocuparia se fosse algum deles.

Enfim, voltando ao assunto, acho que essa tendência é tão óbvia, que os Pereiras, Silvas, Santos, Mouras, Limas, Gouveias, Gomes, Souzas e Costas por aí acabam dando nomes para seus filhos na tentativa de torná-los únicos. Talvez seja o sonho de ter um filho famoso. O problema é que eles não entendem que a mágica tá no sobrenome, né.

Rapaz, é cada atrocidade que aparece. Darei exemplos, todos nomes de alunos da minha mãe, retirados dos diários de turma dela. Aí vai: Ohara, Raíza Paulina, Dayna, Jassanã, Keitley, Yarla, Gerald Fulgêncio, Allef (da Silva Costa), Carolaine, Lauany, Kevin (Lopes Faria), Indayara, Kercia, Andrew (Gomes de Souza) e Luessa.

E pra completar, o nome vencedor: Raylander de Azevedo Monteiro, o aluno imortal.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Eu gosto de carne

Olá, amigos. Eu iria postar ontem, mas, como os senhores sabem, foi Dia dos Pais, fiquei fora o dia quase todo, e ainda estava sendo afetado por uma dor de dente que parecia uma praga do inferno. Não me surpreenderia se achassem um ET microscópico, sacana, segurando uma mini-britadeira, com uma carinha toda sádica, se divertindo pra cacete dentro do meu incisivo. Pra completar, não sei se algum de vocês sabem, mas eu não fico muito tranquilo deitado na cadeira do dentista não. É uma sensação muito forte de impotência. Você tá lá, deitado, de boca aberta, e ele te dominando com aqueles artefatos modernos de provocar a dor. Que bom que tá tudo certo agora, estou vivo.

Enfim, fui para um churrascão, não tive tempo.

Aliás, toda vez que eu como carne eu confirmo que acho uma estupidez ser vegetariano. Sim, eu gosto bastante de carne, não adianta, seus argumentos impregnados de celulose e clorofila são inválidos. Aliás, quem é que não odeia aqueles naturebas chatos, que acham você o câncer da humanidade só porque come carne? Não me leve a mal, fico bem por aqui com meu bife, e não encho o saco da sua salada, aliás, eu gosto de salada.

Um vegetariano desses num churrasco então... putz, parece uma lesma num pote de sal, lá no seu cantinho, com aquela cara de torturado. Fica dando aqueles palpites chatos, sabe? Aqueles argumentos aparentemente científicos que justificariam o fato dele ser superior só porque é o terror das plantinhas. Você passa com seu pratinho cheio daquele boi sangrando, com uma farofinha, todo feliz, e é nesse momento que aparece o sujeito com as curiosidades do Discovery Health na ponta da língua. Pois é, não tenho nada contra o Discovery, nem contra os vegetarianos, desde que não tentem me convencer a abrir mão da minha carne querida.

Então, se você acha que vai mudar o mundo abdicando do prazer de comer carne, por mim tudo bem, eu te respeito, só que não dou a mínima. É aquela velha máxima, é chato discutir religião, ou política, ou futebol, ou hábitos alimentares, quase nunca leva a nada.

De fato, não tinha nenhum natureba chato no churrasco, nem qualquer vegetariano. Foi tudo tranquilão, e eu nem sei porque tô falando disso, meus amigos vegetarianos são super legais.

Valeu galera. Muita paz, vinagre e azeite pros senhores. Fui.

domingo, 2 de agosto de 2009

Filmes animais

O assunto de hoje não é muito extenso. Não tem nada pra dizer, fazer piadinha ou filosofar, nada mesmo. Ele já faz tudo isso por si só.

Então lá vai (no melhor estilo stand-up comedy): qual é a dos filmes com animais? Sério, o que há com esses filmes? Cadê a graça?

Não me refiro às animações como Madagascar, ou aos engraçadinhos como A Marcha dos Pinguins, mas sim àqueles estilo Free Willy, Beethoven, K9, e por aí vai.

São cachorros esportistas, gatinhos heróicos e pássaros piadistas, de tudo por aí. Uma infinidade de baleias, pinguins, hamsters, golfinhos, ou qualquer integrante exótico da fauna fazendo as coisas mais extraordinariamente absurdas que você puder imaginar. Cabe qualquer coisa, sua cacatua pode jogar bola, seu ornitorrinco pode fazer seu dever de casa, seu irmão pode desarmar bombas. E obviamente, essa qualidade de roteiro refinada lhes garante o direito de serem televisionados pelo menos duas vezes por semana na Sessão da Tarde. "E não perca, na sessão da tarde, as trapalhadas de um peixinho muito esperto. Geraldo, um peixinho do barulho!"

domingo, 26 de julho de 2009

Tecnologia de Polishop

Todo mundo conhece as propagandas da Polishop. Na verdade elas são tão famosas quanto os que fazem comédia delas. Pois então, não poderia deixar de um dia falar desse estilo tão único de vender produtos tão sensacionais.

Se querem saber minha opinião, eu acho alguns produtos da Polishop realmente incríveis. Muitos deles são bem úteis mesmo, talvez um pouco caros, mas ainda sim úteis. Enfim, não vou falar da qualidade dos produtos, nem do método de vendas (que também é engraçado), mas sim da tecnologia aparentemente alienígena que a gente vê nessas propagandas. É muita apelação.

Pois então, sem mais rodeios, vamos aos exemplos. Começo aqui por uma incrível "chapinha" de cabelo, que aparentemente se chama "Conair I. Steamer", ou algo assim.


Ok, você pode dizer "nada de mais, vermelhinha, design bonito." De certa forma eu não diria nada muito diferente, mas essa incrível peça dispõe de nada mais nada menos do que a magnífica tecnologia do "Vapor iônico"! Sim, você pode nem acreditar, mas é a mais pura verdade.

E o que seria isso?

Não sei. Mas que isso deixa seu cabelo mais liso, hidratado, brilhante e forte, ah... isso é fato.

Talvez a maioria de vocês já tenha visto o Ab Stretcht. É uma máquina pra fazer abdominais mais eficientes. Garante que você vai adquirir aquele tanquinho bonito.


Parece uma cadeira de tortura, e lembra muito todas as outras cadeiras de abdominais que vieram antes. Mas não, essa aí é uma relíquia da ciência, uma pérola da superação intelectual, a cereja do bolo das idéias geniais. Tal equipamento traz enovelado em sua composição, aparentemente simples, o fabuloso upgrade do "Movimento biomecânico pantográfico". É galera, não é pra qualquer um não, isso pode mudar sua vida.

Mas o que isso significa? Nosso querido Aurélio explica: É um movimento baseado nos fundamentos mecânicos das atividades musculares, e que ocorre por meio de varetas metálicas articuladas que formam uma rede de losangos deformáveis.

Não, te garanto que não vai te matar, vai te dar um abdômen definido. Na prática quer dizer que eles usam umas hastes metálicas, que copiam o movimento do abdominal, mas falar desse jeito não teria graça nenhuma.

Mais recentemente eu tenho visto com frequência na TV o tal do Lift'n'shape. Ou seria o Slim'n'lift? Enfim, tanto faz. Acho que alguns de vocês já devem ter visto também. É tipo um maiô, que aperta o corpo da mulher, e faz milagres.



Com certeza você já viu algum produto deste tipo. Mas esse aí, rapaz, te garanto que não. Esse aí é diferente. Esse aí tem as maravilhosas "Faixas de compressão programada", além é claro de ser feito em "Microfibras resistentes", que deixam sua pele respirar.

Pois é, dá até vontade de rir. Na verdade eu ri mesmo. As tais microfibras resistentes na verdade não explicam nada, mas o nome é bonito que só ele. E as faixas significam apenas que o maiô não sai apertando o corpo todo aleatoriamente, ele tem umas faixas em lugares específicos que apertam, e isso, APENAS ISSO, afina, modela, define e esculpe seu corpo, reduzindo até dois números do seu manequim, compre agora e leve inteiramente grátis o...

domingo, 19 de julho de 2009

Lendas da infância

Ser criança é uma emoção atrás da outra. A vida de criança é cheia de perigos e armadilhas escondidas em quase todos os atos do dia a dia. Tudo que a criança faz tem uma consequência terrível, me admiro que não desenvolvam alguma síndrome do pânico, ou algo desse tipo.

Não entenderam? Pois então, quem não se lembra das lendas, completamente sem fundamento, que nossos pais contavam pra gente? Pelo menos os meus contavam pra mim. Eu ficava um poço de nervos achando que se eu forçasse os olhos pra ficar vesgo, e nesse exato momento um brisa batesse de frente no meu rosto, eu iria ficar vesgo pro resto da vida. Juro, minha mãe falava isso pra mim. E hoje em dia simplesmente não vejo o porquê disso. Não faz o menor sentido!

Vamos a outra então. Essa é mais clássica, na minha opinião. Minha mamãe sempre dizia pra mim que se alguém "me pulasse", eu não iria crescer mais, e que o único modo de desfazer essa maldição terrível... era que a pessoa "me despulasse".

Talvez vocês nunca tenham ouvido essa, então pra quem não entendeu vai uma breve explicação. Lá está Juquinha, brincando de pique com seus amigos, e depois de uma corrida para não ser pego, ele tropeça e cai na grama. O pequeno Jonas, amigo de Juquinha, estava correndo também, e para não pisar no seu tão estimado coleguinha, apenas pula por cima*. Bonito, não?

NÃO! Juquinha logo visualiza sua mãe, dizendo "Você não vai crescer nunca mais!", e com temor nos olhos, corre desesperadamente atrás de Jonas, aos brados de "ME DESPULA! ME DESPULA!". A cena é digna de pena.

Além disso, essa maldição era extensível ao fato de você passar embaixo das pernas de alguém, e para reverter o problema, você teria que passar de novo, só que em sentido contrário. Tudo tinha um protocolo muito bem estabelecido, e ai de você se não seguisse.

Existem outras lendas que eu vejo minha mãe seguindo até hoje. Por exemplo, ela não lava a cabeça no primeiro dia da menstruação, e quando está menstruada também coloca uma toalha por dentro da blusa, na altura da barriga, pra lavar louça. Aparentemente ela passará mal se descumprir qualquer uma dessas exigências.

Minha vó só corta o cabelo na lua crescente, pro cabelo crescer mais.

Além disso, se você deixar o chinelo virado, ou então ficar andando pra trás, sua mãe morre. Isso, sua mãe morre.

Assoviar de noite dá azar, sei lá porque, mas dá azar.

E por aí vai. Já ouvi muita coisa quando era criança, não sei como eu não ficava confuso, dá até pra confundir esses efeitos todos. "Peraí, se eu cagar depois de tomar banho, eu fico com prisão de ventre ou é o meu cachorro que vai sofrer um acidente?".


* Nenhuma criança foi ferida nesta dramatização.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Novidades

Pois é, meus tão fiéis leitores (que normalmente não vêm aqui por conta própria), como podem reparar, o NaQ está com cara nova. Se não repararam, enfim, eu nunca achei realmente que as pessoas prestassem muita atenção no meu tão anônimo blog.

Eu queria dizer aqui que eu tenho um sonho...

- I have a dream too!

Err... ok Martin. Mas como eu ia dizendo, eu tenho o sonho de que, um dia, eu não precise mais ficar catando as pessoas por aí pra dizer que eu atualizei o blog (mas até lá, continuo catando mesmo).

Por isso dei uma mudada na cara disso aqui. O layout tá diferente, e até criei um banner (não tenho certeza se o nome daquilo é banner), no paint mesmo. E como prometido na última postagem, eu estava querendo estipular dias certos da semana pra atualizar o NaQ, na minha cabeça isso faria com que as pessoas viessem procurar sem eu ter que ir atrás delas. Até porque, cá entre nós, isso é muito cansativo, e vai contra o meu tão singelo sonho.

Contudo, eu estava pensando "uma postagem por semana pode ser pouco". Fácil, tive a idéia genial de estipular DOIS dias. Ah, como sou inteligente. Só que depois eu pensei que talvez fique difícil postar certinho, porque agora tudo bem, eu estou de férias, mas infelizmente um dia eu volto a estudar, e aí já viu, né.

Enfim, pensei pensei, e não pensei em nada. Aceito sugestões, e enquanto isso as coisas vão continuando como antes mesmo.

Pra finalizar, eu deixo uma promessa aqui: esse domingo vai ter mais postagem. Marquem nos seus calendários.

terça-feira, 14 de julho de 2009

O Ibope da morte

Comunicado: Olá amigos cada vez mais escassos do NaQ. Não vou mais ficar falando sobre quanto tempo eu não atualizo isso aqui, nem ficar dando desculpas. Dessa vez apenas vou dizer que realmente ando com vontade de manter o blog, e por isso estou projetando atualizá-lo toda semana, pelo menos. Na verdade, queria estipular um dia certo da semana pra sempre (tentar) atualizar. Este post de hoje será excepcional, pra dar um gás, ainda pensarei no dia certo (talvez sejam às quintas-ferias, verei isso depois). Obrigado, e boa leitura.

Cá entre nós, o povão gosta de morte. Gosta mesmo, se amarra, a galera é sádica.

Quando alguém morre, ninguém simplesmente deixa que elas morram e pronto. Não, não teria graça, talvez a morte tenha algum misticismo sinistro que eu simplesmente não entendo, ou talvez seja legal ver um presunto estirado no chão. De qualquer jeito, isso é um fato.

Começando pelo exemplo mais famoso de morte na atualidade, nosso eterno Rei do Pop, Michael Jackson. Ok, o cara morreu, eu entendo a explosão de clipes do cara na TV, afinal de contas ele era bom mesmo. Isso eu até encaro como uma espécie de homenagem, mesmo que não suporte mais ouvir que Billie Jean is not my lover. Tá tão sério o negócio que eu não consigo parar de cantar os pedaços que eu sei das músicas, e sinceramente não gosto muito disso. Beat iiiiiiiiiiiiiiiit!

Mas não são os intermináveis especiais sobre ele na mídia que me incomodam, e sim os "extras". As pessoas não param de falar sobre a vida do cara nos programas, passam horas discutindo como o pai dele era cruel, como o menino Michael era explorado, quantas plásticas ele fez, se o nariz era de verdade, que ele mudava de cor, se dava uns pegas no Macaulay Culkin (ou seja lá como se escreve o nome desse moleque), e uma infinidade de outras besteiras, só porque o cara morreu. Sinceramente, não vejo respeito nenhum, graça nenhuma. Até fantasma do cara já apareceu em Neverland. Será que ele não podia apenas morrer? Aí rolavam as homenagens, as pessoas choravam e pronto.

Você então pode me dizer que isso é extremamente normal, ele era uma das pessoas mais famosas do mundo. É, eu sei disso. Mas há os dois lados da moeda. O Michael morre, e as pessoas falam dele. E se o Seu Antônio tem um infarto fulminante no meio da rua? Aí é pior, vira velório.

É impressionante. Defunto no meio da rua é praticamente ponto turístico. Infarto nem é o mais badalado, maneiro mesmo é quando tem atropelamento, ou bala perdida. Se tiver sangue no chão? Bom. E se tiver um braço no chão? Melhor. Pra mim a quantidade de gente que fica ali "velando" o ilustre morto desconhecido é diretamente proporcional à deterioração do mesmo.

Certo dia eu estava voltando pra casa, e quando chegava na passarela que eu normalmente atravesso notei aquela aglomeração típica. Logo imaginei que houvesse alguém estirado ali. Obviamente, eu estava certo, realmente havia alguém morto na calçada em frente à passarela. O problema é que eu comecei a notar alguns elementos fora do comum. Primeiro, também havia gente "trepada" na passarela pra ver o defunto. Segundo, havia um carro do jornal "O Povo" do outro lado da passarela. (se você não conhece o jornal, leia um post antigo meu, chamado "Jornal popular")

Eu achei aquilo meio demais pra ser só um atropelamento, por isso tirei umas fotos das pessoas que tavam ali, talvez eu pudesse postar no blog.












Desculpem a falta de qualidade das fotos, mas elas servem bem pra ilustrar a quantidade de desocupados que ficaram ali só pra ver o rapaz que tinha morrido. Pois é, a foto da esquerda foi tirada de cima da passarela, e mostra as pessoas na rua. O cara tava atrás do carro laranja da polícia. A foto da direita mostra as pessoas em cima da passarela, parecia uma arquibancada. Estavam só esperando o rabecão marcar um gol.

Mais tarde eu descobri que esse homem tinha sido esfaqueado numa briga por causa de dinheiro. Ele era engraxate, tinha roubado um outro engraxate, ou algo assim. Um pedaço do seu coração estava caído na calçada. Agora tá explicado.

Por isso eu digo e repito, o povão é sádico, do contrário jornais como o Povo, Meia Hora e Expresso não fariam sucesso. Além disso, eu já perdi a conta de quantas vezes já tive o seguinte diálogo:

- Você faz Medicina né?
- Faço.
- É legal?
- É, eu aprendo a ajudar as pessoas e...
- VOCÊ JÁ VIU ALGUM DEFUNTO?!
- Já...
- E ELE TAVA EM PEDAÇOS?!
- Err... sim, mas...
- AI, QUE LEGAL!

Pois então, se você reclama que não é popular, não se preocupe, no dia da sua morte todos vão ficar horas falando sobre você. Mas é sempre bom se você se jogar na frente de um trem, porque ataque cardíaco não sangra, não esquarteja, a não ser, é claro, que você tenha um ataque e caia de um prédio, porque assim... enfim, acho que vocês já entenderam.

sábado, 6 de junho de 2009

Piadinhas sem graça

Sabe aquelas tiradas clássicas que a gente sempre ouve? Tipo a do Mário, que sempre tem um engraçadinho pra fazer. Elas são clássicas, é verdade, mas eu sempre fico me perguntando se alguém ainda acha graça nelas.

Quem nunca teve que atender o celular perto de um palhaço que fica falando "Alô, mãe?", ou que fica gemendo, supostamente tentando fazer a pessoa com quem você está no telefone ouvir isso, e pior, ainda achar graça. Sejamos sensatos, imagine o fulano no outro lado da linha, ligou pra você, está conversando normalmente, e lá no fundo, numa espécie de "som ambiente", fica ouvindo um marmanjo gemendo, tentando se passar por mulher. Óbvio que ele vai entender que é a velha e clássica piada em questão, mas o que o humorista está tentando fazer? Convencer alguém de que você está com um traveco? E ainda atende o celular no meio da ação pra poder mostrar pra todo mundo? É realmente muito engraçado, me escangalho de rir.

Outra. Você tá com alguém, esperando uma carona chegar, ou mesmo parado na rua. Aí passa aquele carrão, bonito, e de preferência bem caro. Quem é que nunca mandou a clássica "opa, meu pai chegou"? Admito que eu próprio já devo ter falado isso. E sempre rola aquele risinho amarelo, só pra manter a tradição.

Outra. Chega o zuador na escola de manhã, procura um cara qualquer e manda um "Parabéns aí, muleque!". Ok, deve ser o aniversário dele, né? Não, é porque é dia 24, e o ser humano se convence de esse é um jeito muito original de chamar alguém de viado, e ainda de que isso é REALMENTE engraçado, porque sempre cai na risada na frente de um monte de caras sérias, meio sem graças, que vão se dispersando naquele passo meio fúnebre pra largar o cara lá rindo da própria piada sem contranger muito.

Outra, e essa é frequente. Toda vez que rola o assunto sobre maratona, aparece o comentarista esportivo engraçadão que manda a clássica "é claro que os quenianos sempre ganham, ficam correndo pra fugir dos leões e das tribos rivais, né". Cara, é impressionante, sempre tem alguém pra fazer esse comentário. Você tá lá na casa do seu tio, pro Ano Novo, vendo a São Silvestre, e aí chega seu primo pra mandar essa. Você olha pra cara dele meio sem graça, família é família, né. Dá aquele risinho pra disfarçar, e pra ele sair satisfeito, coitado.

Outra. De todas, essa é a que mais me irrita. Quem me conhece sabe que eu toco violão, beleza. Não, não vou falar daquela "toca uma pra mim aí", eu nem ligo muito pra essa, prefiro ignorar. Imagina a cena: eu tô tocando em algum lugar, a galera cantando, tudo indo bem, só diversão. Aí, alguma hora vem aquele ser carente de atenção e pede o violão. Eu entrego na mão do sujeito, achando que ele, de fato, sabe tocar. Aí ele abre aquele sorrisão, satisfeito, e SENTA A MÃO NAS CORDAS, com toda força, aleatoriamente, igual a um aborígene mexendo num notebook. Normalmente ele completa a piada aproveitando a poluição sonora pra inventar uma musiquinha tosca, que quase sempre não rima, e não tem graça. Ele conseguiu a atenção.

E por aí vai, essa piadinhas sem graça nunca vão morrer, porque todo mundo contribui pra isso. Eu contribuo, você também. Aprendemos desde cedo, e mantemos a tradição, honrando a mente genial que a fez pela primeira vez. Você acaba se acostumando, e convive com elas. Dá aquela risadinha quase morta pra disfarçar, ou então pega o celular e manda "Alô? Graça? Dá um pulo aqui."

terça-feira, 26 de maio de 2009

Tô voltando

Olá, enorme público que acompanha o Nada ao Quadrado! Admito que sumi, mas digo que não foi culpa minha. A faculdade realmente andou me atormentando nos últimos tempos. Some a isso o fato da minha Internet funcionar tanto quanto uma repartição pública, e você começa a entender o motivo que me levou a, praticamente, esquecer meu tão famoso blog.

Pois então vamos ao trabalho. Ultimamente tenho percebido que, não sei se por causa da Medicina, ou se por alguma tendência natural minha, tenho me tornado cada vez mais nerd. É difícil explicar isso, então vamos a exemplos cotidianos, todos relativamente recentes.

Certo dia, ao chegar à faculdade para mais um "excitante" dia de estudos completamente "interessantes", após ter passado por aquela famigerada viagem que eu encaro todos os dias, que eu definiria como "longa, e muito cheia de gente em muito pouco espaço", fui fazer um comentário sobre a minha odisséia com um amigo meu. Isso é completamente normal: como um bom suburbano, usuário do sistema público de transporte, eu gasto 30% do dia em função dele. 15% dentro do transporte propriamente dito e os outros 15% reclamando do mesmo. O que não foi completamente normal foi o jeito que eu reclamei.

"- Cara, a porra do ônibus tava tão cheio, que eu tive que me mover fazendo diapedese!"

Não que a comparação esteja errada, mas sejamos sensatos, DIAPEDESE?!

Como meu blog só é lido pelos meus amigos e colegas (valeu aí, gente!), e boa parte deles é da faculdade mesmo, pode ser que algumas pessoas tenham entendido, e até dado uma risadinha com a comparação. Para os outros, que não sabem o que é, e na verdade não estão perdendo nada, aí vai uma explicação visual bem rápida.

A diapedese é um processo pelo qual uma célula sai da circulação para um tecido qualquer. Enfim, isso envolve a capacidade da célula de se espremer por entre outras células, como vocês podem ver na figura abaixo.


Reparem na célula à direita, se espremendo toda (é essa coisa amarela, parecendo um pedaço de manteiga derretida). Pois é, só mesmo tendo habilidades assim pra passar por um ônibus nesse estado.


Entenderam a comparação sem graça? Pois é, qualquer um diria normalmente que "o ônibus tava cheio pra cacete", mas o nerd aqui tinha que comparar com essa coisa toda celular. Na hora, a pessoa pra quem eu disse isso riu bastante, e é aí, meus amigos, que eu comecei a perceber que o efeito não é só comigo. Não estou ficando nerd sozinho.

Segunda cena: estava com um amigo meu, que me dá carona, no carro. Estávamos na Av. Brasil, cujo o asfalto pode ser comparado com o solo da Lua (mas isso não tem nada a ver com o relato, foi só uma reclamação solta), e na nossa frente estava um carro qualquer da Honda, não lembro qual era exatamente. E foi nese momento que veio a pérola, não de mim, mas do meu amigo.

"- Não consigo mais olhar pro símbolo da Honda, parece MUITO uma tireóide."

Vocês não sabem como eu ri naquele momento, porque, apesar de ser uma comparação completamente nerd, ele estava coberto de razão. E se você não sabe como é uma tireóide, aí vão as figuras.


Viram como é idêntico? As pessoas comuns veem (ah, reforma ortográfica) um "H", mas nós cagamos de tanto rir achando que era igual a um órgão endócrino.

Agora vamos para mais uma situação. Estávamos no bandejão (restaurante universitário), eu e algumas pessoas da minha sala. Antes que perguntem, a comida de lá é boa, tem ar condicionado, é limpinho e barato.

Conversávamos alegremente enquanto comíamos, a mesa cheia, vários assuntos surgindo, tudo muito normal. Até que alguém fez o comentário de que a fila do bandejão é sempre muito grande, enquanto que lá dentro sempre têm cadeiras vazias. Aliás, isso não era uma reclamação, era um elogio, porque o sistema de lá é feito de maneira que o restaurante nunca precise fechar por estar lotado. A comida é servida numa velocidade que impede a superlotação, entenderam?

Pois então, um dos meus companheiros de classe, aparentemente passando pelo mesmo processo "nerdificante" que eu, em vez de dizer que "a comida é servida numa velocidade que impede a superlotação", disse algo como "funciona assim como se fosse um sistema enzimático. Tem substrato demais pra pouca enzima."

Te juro. Todos nós entendemos aquilo superbem. Ninguém fez essa expressão bovina que alguns de vocês leitores provavelmente podem ter feito. Óbvio que essa pode ser um pouco mais difícil de explicar, e que mesmo que vocês entendam não vai ter a mínima graça, já que ela está aqui apenas como exemplo, e não porque é hilária, assim como os outros casos.

E como se isso já não fosse suficiente, na mesma ocasião, eu soltei mais um comentário digno de citação aqui. A gente tava lembrando de um dia que serviram uma comida lá, que na verdade é uma carne moída com ovo e mais algumas coisas, mas tem um nome escroto de gente, acho que é Silverinha ou Ferreirinha. Enfim, não importa o nome, o que importa é que aquela coisa praticamente não tinha ovo, e eu PODIA TER DITO DESSE JEITO, mas não, eu disse que "a prevalência do ovo na população de carne moída era muito baixa", claramente fazendo uma alusão à taxa de prevalência das doenças na população. Foi exatamente nesse dia que eu resolvi voltar a escrever no NaQ.

Ou seja, cada vez mais eu vou me reafirmando como um nerd, e isso só não é mais traumático porque eu passo quase o tempo todo na faculdade, e as pessoas entendem esses comentários normalmente. Seria mais cômico se não fosse trágico. Admito que é bem estranho, mas eu consigo dar altas risadas comigo mesmo ao pensar nisso.

Ser nerd é esquisito, mas é divertido. Você não é uma pessoa muito popular, mas e daí? Pelo menos rende postagem no blog (e por pensar assim, me confirmo como MUITO nerd).

Agora finalizando, juro que vou tentar manter isso aqui ativo, não ando muito criativo, a Internet não ajuda, a falta de fama também não. Por isso ajude: comente essa budega! Até mais.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

15/05/2009

É uma sensação terrivelmente indescritível perceber que este dia 15 do mês de maio, neste momento, não consegue ser nada mais do que um mês exato após o dia 15 de abril de 2009, e só. Tudo é muito estranho, com nuances de incompreensão, com pitadas de apatia, com tristeza.

A rapidez foi impressionante, e a surpresa nada agradável, obviamente. E ainda tem a revolta. Funciona assim, num turbilhão desses sentimentos que, mesmo um mês depois, ainda teimam em não se organizar. Fica difícil escrever o que sente, é difícil falar o que sente, é difícil sentir isso tudo.

Não sei porque escolhi escrever sobre isso exatamente um mês após, já que a saudade não tem noção de tempo. Mas é tendência nossa, na condição humana, marcar o tempo com exatidão, e esses marcos ainda são picos de lembrança, mesmo das coisas que nunca são verdadeiramente esquecidas.

Pois é, amigo, você foi assim, do nada. A gente nem se despediu, e nessas horas eu penso se realmente teria tido condições de fazer isso com alguma coerência. Sejamos francos, nós nunca esperamos a morte, a juventude tem um ego enorme. Mas a morte veio, e dessa vez a egoísta foi ela, como um raio, gritando a fragilidade da vida.

Sendo assim, sento-me aqui, escrevo algo entre uma homenagem póstuma e uma suposta despedida, e nunca saberia lhe dizer o quanto é incompreensível vincular palavras como “póstuma” e “morte” à sua imagem, mas saberia lhe dizer que é um irmão pra mim. O que escrevo aqui carrega, agora, todo peso da amizade que tenho por uma pessoa que invariavelmente morreu, está carregado de amor fraterno. É assim, amigo, você pode ter ido, mas continuará vivendo juntamente com as pessoas que te amam, e acredito que essas palavras poderiam ser proferidas por qualquer uma dessas pessoas, acredito que falo em nome de muitas delas. Você é muito amado.

Meus olhos ainda se enchem de lágrimas tímidas, meu peito ainda dói, evito prontamente tocar no assunto, eu confesso. A carga é alta demais. Não posso privar o meu pensamento de reviver o cotidiano, de reviver os momentos marcantes, de reviver toda a história. Cada segundo de pensamento é uma finíssima agulha no coração.

Mas você lembra quando prometíamos ser amigos a vida inteira? E que faríamos com que nossos filhos fossem amigos, assim como nós somos? Acho que era uma coisa tão boa que simplesmente queríamos que nossas crianças, alvo de todo nosso amor, sentissem o que nós sentíamos. Por isso não posso parar de considerar com certo pesar que sua jornada tenha sido interrompida.

Enfim, meus filhos não conhecerão os seus, mas certamente saberão que o pai ainda tem um grande irmão, que mesmo ausente está presente, nesse paradoxo tão complexo, que só a amizade verdadeira pode proporcionar.

domingo, 1 de março de 2009

Marcha da quarta-feira de cinzas

"Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou."

Sim, eu sei que hoje é domingo. Mas eu estava viajando, e além disso o feriadão prolongado do carnaval pra mim acaba hoje, com quinta e sexta mortos enforcados. Ou seja, acho que é mais do que apropriado o título para comentar sobre a festa da carne, ou seja lá como você chame tal época, mesmo quatro dias depois. E mais apropriado ainda é tomar emprestado o nome de tal jóia da música popular brasileira. Quem me conhece sabe que eu venero Vinicius de Moraes.

Não tenho nada pessoalmente interessante pra contar, nem pra fazer comédia, mas e daí? Vou falar mesmo coisas avulsas só porque admito que não tenho nada pra falar de fato.

Pra começar, a vitória da Acadêmicos do Salgueiro no carnaval carioca. Não que isso tenha me deixado inteiramente satisfeito, a minha Estação Primeira anda decepcionando nesses últimos anos. Mas eu queria esclarecer uma coisa: que ótimo que a Beija-flor perdeu. Eu não tenho nada pessoal contra a escola de Nilópolis, aliás, tenho sim, mentiria se dissesse que não torço contra eles desesperadamente.

Antes que alguém pergunte o porquê de tanto ódio, tenho dois motivos pra isso: minha mãe e a mídia. Dia de apuração sempre foi torturante na minha vida. Minha genitora não sabe torcer de um modo sadio e respeitoso, eu tenho trauma, sério. Sempre simpatizei com a escola do Jamelão (apesar de odiá-lo) desde criança, achava legal pela tradição e tudo mais, sei lá, não tem muita explicação. Mas minha mãezinha querida sem espírito esportivo não entende isso e me massacrava torcendo pra escola do passarinho da baixada, dando gritos na minha cara, me "zoando" um dia inteiro, desrespeitando o fato de que eu realmente me abalava com isso. A Beija-flor ganhando pra mim significava dor-de-cabeça na certa. Hoje em dia torço pra eles perderem sempre.

O segundo motivo, a mídia, eu não vou explicar muito, não hoje pelo menos. O fato é que eu odeio quando a mídia escolhe alguma coisa ou alguém pra ser seu "queridinho". Não importa o quanto aquilo seja normal, completamente dentro dos padrões, eles vão tentar passar a imagem de que é fantástico, extraordinário, e com a escola do bicheiro não é diferente, falta só a Globo admitir de vez que babam ovo dela. Tudo da Beija-flor é melhor, quando não verdade não é. Desmerecem as outras, muito injusto, isso me dá nojo, mais um motivo.

Então, por essas e outras, até porque a Salgueiro merecia, o resultado me deixou feliz.

"Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz."

Agora que me desculpe o mestre, mas foi ingenuidade demais imaginar algo assim, não há nada hoje em dia bonito no carnaval, não há canto de paz. Não que a festa seja inteiramente ruim, mas é lamentável perceber que talvez Vinicius não tenha perdido muita coisa morrendo, infelizmente. Aliás, somos nós que perdemos.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Ele é Secretário de Cultura

Estava eu tomando um cafezinho na cozinha e conversando com a minha mãe (coisa que fazemos com certa frequência). Papo vai, papo vem, e repentinamente ela me diz, obviamente estarrecida, que o Rômulo Costa agora é Secretário de Cultura do município de Belford Roxo.

Não se assuste se você não conhece qualquer um dos dois, ou até mesmo ambos, porque na verdade não está perdendo muita coisa. De qualquer forma aqui vai uma pequena explicação que mudará praticamente nada na sua vida: Rômulo Costa é o dono da Furacão 2000, uma empresa que você já deve ter ouvido falar. Belford Roxo é um município da Baixada Fluminense, uma região que é igualmente provável que você também já tenha ouvido falar. Agora com as explicações (mal) feitas podemos continuar com o relato.

Comecei dando aquela pesquisada e vi que a notícia na verdade já é velha (do dia 20 de janeiro), o que nada significa pra mim, já que este não é um blog de notícias. Na verdade o que mais me impressionou foi que isto era de fato uma "notícia", pois eu esperava que minha mãe estivesse apenas enganada. "- Rômulo Costa?! Secretário de Cultura?! Tá maluca?!"

Mas não, para o meu espanto era tudo verdade, o desenvolvimento cultural de um município está nas mãos de um ser cuja vida pode ser resumida a um império "musical" cujos "artistas" não conseguem pronunciar mais do que 4 frases em suas "canções", duas passagens pela cadeia e alguns outros detalhes que felizmente desconheço. Isso me preocupa. Sério.

Na verdade o funk está aí, crescendo cada vez mais, inversamente proporcional ao conteúdo gramatical das letras das composições (não vou entrar mais nos detalhes do estilo porque confesso que quero fazer um outro post sobre isso, aguardem). O batidão tá sempre animando as festinhas, e quem me conhece sabe que eu gosto disso, eu seria hipócrita se dissesse que não. Mas o que me incomoda é elevar este abismo de sabedoria, que declarou em entrevista que "ainda está aprendendo o que é cultura", a um cargo que tem como missão desenvolver projetos culturais para um município inteiro. Eu espero sinceramente que ele aprenda rápido.

Me desculpem aqueles que acham que eu sou desatualizado, e que afirmam que o funk é a cultura do povão e tudo mais. Ok, eu também reconheço o tamborzão como uma expressão cultural, mas sejamos sinceros, é querer rebaixar muito a nossa cultura tão rica, construída por tantos e tantos anos, submetendo-a à cabeça cultural do (agora secretário) Rômulo Costa. Eu penso em inúmeros gênios se rasgando de raiva em suas casas, ou em seus túmulos, porque eles que conseguem, ou conseguiam construir frases inteiras, que fazem sentido e tentam passar alguma coisa útil, são considerados chatos, porque o importante é que quem não é, não se esconde, é o bonde do rinoceronte.

Búfalo Bill.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

E volta a rotina

Há muito tempo que eu não passava por aqui. Desde a última vez fui atrapalhado por alguns fatores, começando com o fato de que estava em fim de período na faculdade, o que me rendia doses altíssimas de adrenalina, e nenhum tempo ou criatividade. Depois vieram as férias, muito boas por sinal, tão bem aproveitadas que eu simplesmente não conseguia sentar e escrever qualquer coisa que fosse. Mas o sonho acabou, voltei à velha rotina, então nada mais obrigatório do que atualizar o Nada Ao Quadrado, mesmo que ninguém mais leia.

Confesso que durante o período de férias eu olhava pra algumas coisas e pensava "- Isso daria um bom assunto pro blog". Infelizmente essas sacadas sempre me escapam, e só serão devidamente abordadas quando forem devidamente lembradas (normalmente por acaso).

Alguns temas até renderiam umas boas linhas de texto, como o Natal por exemplo. Mas ele já passou há muito, nem faz mais sentido falar dele, guardo isto para o próximo dia 25/12.

Não poderia deixar também de lembrar da eleição do Obama. Mas infelizmente só vou lembrar mesmo, devido à importância do fato. Não me atreverei a fazer qualquer análise porque não tenho base, e tenho consciência.

- Oh man...

Calma Obama, ainda terei muito o que falar de você. Só que ainda não tenho nenhum comentário metido a esperto pra fazer.

- Ok, I'll be waiting here!

Passando para um outro assunto que, apesar de fútil, não poderia ser esquecido, temos o início do BBB 9.

A começar pelo número "9", sempre fica aquela sensação de "Até onde isso vai?!" Eu nem consigo lembrar de outras oito edições, me impressiona ver que já passou isso tudo. Mas enfim, essa praga da TV brasileira está sempre aí nessa época, e fico imaginando se já é comparável ao especial do Roberto Carlos, que é a segunda maior certeza da vida, perdendo apenas para a morte.

Agora um segundo comentário sobre o programa: as declarações dos participantes. São dignas de gargalhadas as afirmações "seríssimas" dos mesmos. Quem nunca ouviu as clássicas "- Eu odeio falsidade" ou ainda "- Odeio jogo sujo, vou ser eu mesmo lá dentro"? Chega a ser ridículo ser obrigado a ouvir isso como se fosse uma grande filosofia de vida. Me diz: quem gosta de falsidade?! Quem gosta de jogo sujo?! Quem é que vai dizer que vai ser falso lá dentro?! O esforço do programa para transformar aquelas pessoas normais em grandes ícones é absurdo.

E isso me leva ao terceiro comentário sobre o programa: uma das clássicas frases do Pedro Bial. Não estou falando da "arte da espiadinha", ou qualquer outro sinônimo igualmente débil mental para a satisfação da curiosidade sádica do público brasileiro. Estou falando de outra frase, e essa seria, na minha opinião, pior do que qualquer outra pérola que ele dispara durante a saga do show.

- Vamos fazer contato com os heróis da nave BBB.

Talvez você esteja pensando o quanto eu sou implicante, ou até mesmo idiota por estar reclamando de uma frase tão aparentemente banal, no máximo infantil. Pois eu digo que pra mim essa coisa toda de "nave" e "heróis" mostra o quanto eles tentam passar a idéia de que os participantes do BBB são ícones, exemplos etc. Eu só queria que alguém falasse pra ele que são apenas PESSOAS numa CASA, e ponto! Eu ficaria amplamente mais satisfeito, até porque confesso que assisto Big Brother de vez em quando, e já alerto quem tentar fazer gozação com isso: eu tenho noção do quanto isso é humilhante, não perca seu tempo. (Mas eu garanto que muita gente assiste e não assume.)

Enfim, vou acabando por aqui com esse monte de relatos jogados, e deixo a notícia de que o blog está voltando pra valer, prometendo os velhos e usuais temas e textos engraçadinhos (ou tentando ser engraçadinhos, pelo menos).